Ectoparasitas: Pulgas e Carrapatos em cães

PULGAS

As pulgas alimentam-se do sangue do hospedeiro. Quando estão na idade reprodutiva, as fêmeas demoram de 36 a 48 horas após a alimentação para depositar os ovos no cachorro. Uma fêmea adulta, em condições adequadas pode viver até 100 dias, sendo capaz de produzir até 2.000 ovos ao longo da vida. Os ovos caem ao chão, onde completam seu ciclo através do desenvolvimento de várias formas parasitárias até atingirem o estágio adulto.

As condições ideais para o desenvolvimento desses parasitas são temperatura de 27º C e umidade de 80%. Dependendo da variação desses fatores, o ciclo de vida poderá ser mais ou menos longo (de 12 a 180 dias).

Além do incômodo e da irritação que as pulgas produzem ao andar e picar o cachorro, existe um transtorno freqüentemente associado a animais sensíveis que é a hipersensibilidade ou alergia (Dermatite Alérgica por Picada de Pulga – DAPP). Além disso, elas podem transmitir verminoses e doenças infecciosas aos animais de estimação. Essa doença se desenvolve em certos animais em que a pulga inocula junto com a saliva uma grande quantidade de antígenos que estimulam a formação de IgE (anticorpos que agem no processo alérgico). Como conseqüência, temos a coceira e as lesões de dermatite, como inflamação, prurido e queda do pêlo. as pulgas podem transmitir doenças infecciosas para outros animais, inclusive para o homem, e doenças parasitárias como, por exemplo, a tênia do cão (Dipylidium caninum) que tem parte de seu ciclo de vida dentro da pulga. Ao ser ingerida pelo cachorro, a pulga libera o parasita que se desenvolve em seu intestino.

CARRAPATOS

As fêmeas adultas podem atingir até 11 mm de comprimento, possuem coloração marrom-avermelhada e os machos medem cerca de 3,5 mm e são mais escuros.

É uma espécie que parasita três hospedeiros diferentes. A larva tem seis pata e após o período curto de ecdise, perde a pele e se transforma em uma ninfa como oito patas, que busca outros hospedeiros, e após fixar-se, alimenta-se por uma semana deixando-se cair novamente no chão. Caso não encontre hospedeiros, as larvas podem sobreviver até 568 dias sem se alimentar, sendo, portanto, muito resistentes. As ninfas também suportam longos períodos sem alimento, podendo sobreviver até 180 dias.

Dependendo da umidade e temperatura, as ninfas se transformam em adultos entre duas e três semanas. Os adultos iniciam a cópula quatro dias após e sua fixação nos hospedeiros e as fêmeas se tornam ingurgitadas entre 6 e 50 dias, quando então podem abandonar os cães e começam a postura, que pode durar até 29 dias, depositando-se 4.000 a 5.000 ovos cada uma. A postura é feita em frestas, debaixo de pedras, folhas secas, ou até na cobertura dos canis, já que as fêmeas podem escalar até 4 metros de altura. Em 4 dias começa a eclosão dos ovos, que, em grupo de milhares, recomeçam o processo, irritando cães e seus donos. Os adultos são a fase mais resistente e podem sobreviver até 580 dias sem hospedeiro.

Para a postura dos ovos, a fêmea desses insetos procura geralmente na madeira bruta, não polidas, pequenas frestas ou antigos orifícios de emergência. Substratos relativamente moles ou felpudos, são também preferidos para a postura de ovos. A fêmea coloca, em média, cerca de 30 ovos. As larvas eclodem entre 14 a 18 dias após a postura. A fase larval dura aproximadamente um ano, a de pupa cerca de três semanas e o adulto em torno de um mês.

Assim como as pulgas os carrapatos se alimentam do sangue, causando um incômodo muito grande ao animal pela coceira que provoca reação alérgica, além disso podendo transmitir várias doenças graves e até fatais aos cachorros e também ao homem. Entre as mais comuns estão a febre maculosa, babesiose canina, a erliquiose canina e a doença de Lyme.

Não é necessária uma grande quantidade de carrapatos para que a Babesiose ou a Erliquiose sejam transmitidas, basta que um carrapato esteja carregando formas infectantes dos protozoários causadores dessas enfermidades para que o cão contraia uma dessas doenças.

Assim, qualquer sinal de apatia, febre, falta de apetite e mucosas (gengivas ou conjuntiva) pálidas em cães que costumam ter carrapatos, é motivo de uma visita ao veterinário e um exame de sangue, para detecção da Babesia ou da Erlichia. Elas são tratáveis quando diagnosticadas a tempo.

Portanto, o uso de produtos que controlem a infestação de carrapatos no meio ambiente e sobre os animais é fundamental para o controle e prevenção das doenças transmitidas por estes artrópodes.

Dicas de como combater ectoparasitas inclui:

No animal:

  • Animais de pelos longos devem ser tosados no verão, época em que o calor e umidade fazem com que a incidência de carrapatos aumente muito;

  • Produtos carrapaticidas de longa duração, em gotas para aplicação tópica (local) ou spray, podem ser aplicados, a critério do veterinário.

No ambiente:

  • Uso de carrapaticidas: aplicar nos canis, casinha dos cães, em plantas e canteiros, atentando para frestas nas paredes ou pisos e ralos. O forro da casa não deve ser esquecido. Repetir o tratamento a cada 15 dias;

  • Mude de produto a cada 2 ou 3 aplicações, para que o carrapato não desenvolva resistência e o tratamento passe a ser ineficaz.

  • Em canis de alvenaria, o uso da “vassoura de fogo” é muito eficaz. O calor irá destruir todos os estágios do carrapato. Repetir o tratamento a cada 15 dias; uma opção caseira são aparelhos com jato de vapor d’água fervendo;

  • Se possível, fechar todas as frestas existentes nos canis ou paredes dos quintais, assim como no piso;

Dra. Anna Carolina M. Gimenez

Médica Veterinária